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O PAPEL DO PAI

  • Foto do escritor: Liz Andrade
    Liz Andrade
  • 7 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de ago. de 2020

Qual função o pai exerce na vida dos filhos? Como a falta da figura paterna pode afetá-los?

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Amanhã é Dia dos Pais e, em meio às problemáticas atuais, é importante pensar sobre o que significa ser pai e qual a importância dessa função no desenvolvimento e na construção dos filhos.


Antes de mais nada, é preciso deixar claro que o processo de constituição da parentalidade vai muito além da definição de gênero e das relações consanguíneas. Ele é parte de um longo percurso de tornar-se pai e mãe que se inicia muito antes do nascimento de um filho e que pode ser exercido por qualquer pessoa, desde que haja desejo. Assim, a construção do pai começa muito antes da gravidez, quando um casal planeja conscientemente ou não a chegada do filho.


Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, enfatiza que o pai exerce diferentes funções ao longo do processo de desenvolvimento da criança. A princípio, ainda na gravidez e no parto, desempenha a função de suporte, de apoio emocional à gestante, promovendo os cuidados necessário para que esse nascimento possa acontecer. Nos primeiros meses de vida do filho, esse apoio pode ser exercido por meio do suporte durante a amamentação, apoiando as decisões da mãe, promovendo um ambiente seguro, acolhedor e suprindo as necessidades da família (cuidados com a casa, alimentação, questões emocionais).


Num segundo momento, esse pai aparece como apoio moral, sendo modelo de condutas comportamentais e também de limites que são dados à medida que o bebê vai crescendo, no sentido de proteger dos perigos, colocando limites de até onde o filho pode ir com segurança. Winnicott ainda postula uma outra função para o pai: ser aquele a quem o filho dirige a agressividade. Ao pai, cabe a função de ajudar e ensinar a criança a controlar essa agressividade, inerente a todo ser humano. Algumas pesquisas apontam que as crianças criadas sem alguém que exerça a função de pai têm mais tendência à agressividade, mais risco de envolvimento com drogas e criminalidade, além de apresentarem menor rendimento escolar e mais problemas com obesidade.


Steve Biddulph, psicólogo mundialmente renomado e autor de vários livros sobre criação de filhos, enfatiza a importância da influência paterna enquanto figura de respeito e de identificação, assumindo uma posição de referência comportamental e moral. Na ausência deste, outras figuras de referência como professores ou avós podem assumir essa função.


Lídia Weber, psicóloga e PhD em desenvolvimento familiar, também aponta para a importância do pai como um forte fator de proteção. Para a autora, o pai é um modelo moral aos filhos, modelo para a forma como essa criança irá se relacionar com o mundo, seja em um relacionamento, no trabalho, com os amigos etc.


Desta forma, diante das mudanças que ocorreram na constituição da família, o homem que se torna pai passa a assumir uma responsabilidade mais participativa. Aquele que antes se limitava ao trabalho e sustento da família é convocado a mudar sua constituição dentro da parentalidade. Mesmo diante das novas configurações familiares atuais, a função de pai continua tendo sua devida importância, pois o impacto emocional causado pelo abandono paterno é devastador! E o abandono afetivo ou negligência paterna dentro do próprio lar? Esse talvez seja ainda mais devastador!


Ser pai vai muito além de ter um filho. Para todos papais que assumem e desempenham a função de pai. Feliz dia dos Pais.


REFERÊNCIAS:


Araújo, S. M. B. (2005). A ausência da função paterna no contexto da violência juvenil. Simpósio Internacional do Adolescente, 2. São Paulo.


Benczik, E. B. P. (2011). A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Revista Psicopedagogia, 28(84), 67-75.


Biddulph, Steve. Criando meninos. Ed. Fundamento Educacional, 2014.

Daminani, Camila Ceron Damiani; COLOSSI, Patrícia Manozzo Colossi.A ausência física e afetiva do pai na percepção dos filhos adultos.Pensando fam. vol.19 no.2 Porto Alegre dez. 2015.


London: Hogarth; Institute of Psychoanalysis. (W9). Trad. bras.: O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.


Sapienza, G. & Pedromônico, M. R. M. (2005). Risco, proteção e resiliência no desenvolvimento da criança e do adolescente. Psicologia em Estudo, 10(2), 209-216.


Weber, Lídia. Eduque com Carinho. Ed. Juruá, 2017.


Winnicott, D. W.(1945i). E o pai? In: Winnicott (1964a).

Winnicott, D. W. (1958j). O Primeiro ano de vida: uma nova visão sobre o desenvolvimento emocional. In: Winnicott (1964a). The Child, the Family and the Outside World. London: Penguin Books. (W7). Trad. bras.: álvaro Cabral. A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.


Winnicott, D. W. (1965b). The Maturational Processes and the Facilitating Environment.

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