EGOCENTRISMO INFANTIL

Entenda por que a criança tem dificuldade para dividir.

Você pai/mãe/avó já deve ter percebido que as crianças de até 6/7 anos apresentam uma dificuldade imensa de dividir. E se você já prestou bem atenção ou prestar atenção nas outras crianças vai perceber que não é apenas seu filho que tem esse comportamento.

Ao perceber isso, nós pais temos a tendência e até o hábito de acreditar e falar que nossos filhos são egoístas. Às vezes até o repreendemos: " deixa de ser egoísta menino" ou “você não sabe dividir”.

E sim, nossos filhos não sabem mesmo dividir ainda, mas isso não o torna egoísta. Seu filho está no que que Jean Piaget chamou de egocentrismo infantil. O Egocentrismo é uma incapacidade por parte de uma criança em fase pré-operatória de desenvolvimento de ver qualquer ponto de vista diferente do seu.

Segundo Piaget (1) o egocentrismo se caracteriza por centrar-se de tal forma em seu próprio ponto de vista ao ponto de não conseguir assumir outro. É algo que toda criança de 2 aos 6/7 anos (aproximadamente) passa. Papais e mamães leitores, acalmem-se, é natural. Nessa fase, a criança ainda não aprendeu a se colocar no lugar do outro e até então só enxerga o mundo de um único ponto de vista: o dela. Ou seja, eles vêem como se o mundo girasse em torno de suas vontades.

Assim sendo, nessa idade, a criança, só consegue olhar a sua perspectiva. Você já observou criança que falam no celular com alguém e ao responder alguma pergunta acabam fazendo gestos? Ela, vendo apenas o seu ponto de vista, não entende que a pessoa não consegue ver seu gesto durante uma ligação.

Da mesma forma, seu filho ainda não sabe dividir um brinquedo, sua atenção, por não perceber o outro, não entender seus sentimentos, suas vontades, suas necessidades. Ele ainda pensa de acordo com suas próprias experiências individuais. Esse fator também é responsável pelas birras, tão comuns na infância, justamente por que a criança não compreende a perspectiva do outro (pais), apenas o seu.

Chamar seu filho (a) de egoísta não o fará ser diferente. Entenda, nessa fase, as crianças estão aprendendo a se relacionar com o outro, assim é necessário que haja a compreensão de seus tutores nesse processo.

Um fator importante para o sucesso na criação de filhos é compreendermos as fases do desenvolvimento que eles passam. Só assim podemos auxiliá-los a passarem pelas dificuldades de cada fase, pois, compreender o que se passa com a criança é fundamental.

Por isso, nesse momento, é preciso Incentivar o pequeno a dividir, mas não obrigar. Compartilhar e compreender o outro é a chave para que ele compreenda que o mundo não gira em torno do seu próprio nariz. Uma estratégia é nomear os sentimentos da criança e de seus amigos, ensinar sobre empatia, ter paciência, conversar e explicar. Mas entender que a criança não vai desenvolver isso de uma hora para a outra, que é uma fase e como todas as outras fases ela vai passar. Por isso, queridos papais, não se desespere achando que seu filho será assim para sempre se você não obrigá-lo a dividir.

Por volta dos quatro anos, quando a criança aprende a falar corretamente, ela passa a interagir com as pessoas e começa a compreender outros pontos de vista. Isso faz com que, aos poucos, a criança comece a compreender o que é cooperar e a desenvolver habilidades sociais. Sendo que ela aprenderá isso muito mais por modelos e imitação do que por instrução. Nesse ponto voltamos para nós pais, pois é a partir de exemplos que a criança vai perceber que o outro é importante, que é necessário partilhar, ser empático.

A maior contribuição de Piaget para a educação infantil foi demonstrar que há diferenças entre o pensamento das crianças e dos adultos, levando ao entendimento de que a criança NÃO É um adulto em miniatura, mas um ser com características próprias. Por isso, seu cérebro não funciona como o de um adulto em menor tamanho. Então, tenha sempre em mente: VOCÊ É O ADULTO! Como adultos, erramos muito quando exigimos da criança que ela tenha a compreensão e o discernimento de um adulto.

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(1) SASSO, Bruna Assem; DE MORAIS, Alessandra. O Egocentrismo Infantil na Perspectiva de Piaget e Representações de Professoras. Rev. Eletrônica de psicologia e Epistemologia Genética. Volume 5 Número 2 – Ago-Dez/2013. Disponível em: file:///home/usuario/Downloads/3571-Texto%20do%20artigo-11927-1-10-20140318.pdf.