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O MITO DO AMOR MATERNO

  • Foto do escritor: Liz Andrade
    Liz Andrade
  • 8 de out. de 2020
  • 2 min de leitura

Você acredita em instinto materno? Acredita que o amor de mãe é transcendental?

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A maternidade é um tema bastante polêmico e tido por muitos como algo tão sagrado que questionar o amor materno pode ser bastante difícil, tendo em vista que ainda impera na sociedade, a visão de mãe associada a Maria, mãe de Jesus, dona de um amor inabalável. Essa compreensão leva muitas mulheres a se questionar pelo fato de não sentir esse amor inabalável ou ter aquele instinto inato que “toda” mulher tem de ser mãe.


Confesso que eu, particularmente, nunca tive. Sabe aquele desejo que algumas mulheres relatam do tipo “eu sempre quis ser mãe” ou “eu sonho em ser mãe um dia”. Então, pode ser que alguma de vocês, assim como eu, também nunca tenham tido esse desejo intrínseco. E pasmem: quando meus filhos nasceram, tudo que eu mais queria era poder voltar no tempo e não ter engravidado.


Tá tudo bem! Esse conceito de que o amor materno é inato é um mito, e digo isso sem correr risco de cometer algum engano. Essa construção é sócio histórica e perpassa gerações, até hoje influenciando a nossa forma de perceber a maternidade.


Acreditamos em nosso imaginário que esse amor seja natural, que nasce com todas as mulheres na gravidez ou até antes. Fala-se até em “instinto materno” e coitadas daquelas que não tem, pois falta-lhes algo de fundamental. No entanto, contrariando a crença generalizada em nossos dias, esse amor não está profundamente inscrito na natureza feminina. Aliás, há estudos que sugerem que homens também podem desenvolver esse chamado “instinto”.


O amor “materno” é construído e, assim como qualquer forma de amor, ele precisa ser conquistado. Por meio da convivência, do vínculo, do convívio.


Digam-me se não é isso? Ver aquelas mãozinhas tão pequenas tocando o nosso rosto; aquele sorriso radiante do seu filho para você ao acordar; aquele dedo do pé tortinho que é igual ao seu e que você odeia em você, mas neles chega doer de tão fofo; aquele desenho na parede feito especialmente para você; aqueles momentos de cócegas, bola, boneca, parquinho, das brincadeiras mais bobas que se tornam indispensáveis no seu dia e que recarregam suas energias.


Seríamos muito egoístas ao pensarmos que apenas nós podemos desenvolver isso. Esse amor pode ser o amor do pai, dos tios, avós, pois esses também são grandemente válidos e extremamente importantes para a criança, desde que estejam dispostos a construir isso. Sobretudo, importante também para a própria mãe, pois quando ampliamos esse olhar, nos voltamos para a importância da rede de apoio.


Acreditem, o que está em questão aqui não é a importância do amor da mãe no desenvolvimento da criança ou como esse vínculo pode impactar o desenvolvimento emocional e social da criança, mas sim, entender que esse amor perpassa a concepção social do materno, da mãe, da mulher. E que, acima de tudo, é natural haver mulheres que não desejam ser mães, mesmo tendo dado a luz.

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SOBRE A AUTORA

Liz Andrade é mãe de dois meninos (gêmeos univitelinos) e psicóloga especialista em Políticas Sociais com formação em Escola da Família. Apaixonada pelos filhos, desenvolvimento infantil, pessoas, relacionamentos, disciplina positiva, inteligência emocional, autoconhecimento e resiliência.


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