SUICÍDIO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
- Liz Andrade
- 24 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Os dados são alarmantes, nós pais precisamos ficar atentos aos comportamentos de risco em nossos filhos, pois a prevenção é a melhor opção.

O suicídio em crianças e adolescêntes ainda é muito negligênciado e poucas pessoas têm conhecimento sobre esses dados, inclusive profissionais. A sociedade, em geral, não aceita a ideia de que crianças e adolescentes possam querer se matar e tendem a negar a realidade, o que torna muito difícil até mesmo explicar por que esses comportamentos estão crescendo de forma considerável.
Estima-se que 90% dos jovens que se suicidam apresentam algum transtorno mental. Sendo que, em 50% dos casos, o transtorno mental já estava presente há pelo menos 2 anos. Embora o suicídio em crianças seja raro, 70% das crianças que apresentam transtornos psiquiátricos na infância não são diagnosticadas e não recebem tratamento adequado, levando ao agravamento do quadro com o avançar da idade. O suicídio é a terceira causa de morte na adolescência.
No Brasil, conforme a publicação Mapa da Violência, que se baseia em dados coletados pelo Ministério da Saúde, as faixas em que as taxas de suicídio mais cresceram, nos últimos anos, foram as dos 10 aos 14 anos (40%) e dos 15 aos 19 anos (33,5%).
A evolução da tecnologia facilitou muitos aspectos da nossa vida, porém as redes sociais também têm uma forte influência no comportamento de suicídio entre os jovens, por meio de jogos e pactos de suicídio coletivo ou de comportamento autolesivo. Quem não se recorda do jogo “baleia azul”?
Alguns mitos precisam ser quebrados para que se possa desconstruir a visão da sociedade em relação à saúde mental das crianças e adolescentes. Assim, toda ameaça de suicídio deve ser encarada com seriedade, mesmo que possam parecer manipulatórias.
O principal transtorno associado ao maior risco de suicídio em crianças e adolescentes são os transtornos de humor (depressão, bipolaridade), seguido dos transtornos de conduta e abuso de substâncias psicoativas. Quadro de humor irritável, ansioso, isolamento, delírios, alucinações, comportamento agressivo, sentimento de abandono, situações de abusos físicos ou sexuais, problemas familiares, dificuldades escolares, violência psicológica (bullying), desajuste comportamental, desesperança em relação ao futuro são os principais motivadores. Além desses, há o uso cada vez mais precoce de álcool e drogas, pelos impactos dessas substâncias no sistema nervoso central.
Os dados são alarmantes, nós pais precisamos ficar atentos aos comportamentos de risco em nossos filhos, pois a prevenção é a melhor opção, sobretudo diante da nossa realidade atual, em que, devido à pandemia do COVID-19, crianças e adolescentes são forçados a ficar mais isolados socialmente.
A melhor forma de lidar com esse comportamento é oferencendo ajuda. Quem pensa e comete suicídio busca aliviar sentimentos ruins, aliviar a dor do sofrimento, então ofereça alternativas de alivio dessa dor, acolha a pessoa que está sofrendo por meio de uma escuta sem julgar, repreender ou minimizar seus sentimentos. Não permita que seu filho se isole dos amigos, da família, converse com ele diretamente, se envolva e mostre que você pode ajudar. Em caso de risco de suicídio eminente, o melhor caminho é procurar uma unidade de saúde e monitorar a criança ou adolescente constantemente, evitando deixá-lo sozinho ou facilitar o acesso a meios que ele possa recorrer para concretizar o suicídio (objetos cortantes, janelas, etc.).
Se algum desses sinais te preocupar, procure ajuda profissional. A família exerce um papel fundamental na identificação, tratamento e recuperação de crianças e adolescentes com quaisquer problemas de ordem psicopatológica.
Além disso, o CVV – Centro de Valorização da Vida, oferece suporte através do telefone 141 ou pelo site. O atendimento é gratuito, anônimo e sigiloso.
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Referências:

SOBRE A AUTORA
Liz Andrade é mãe de dois meninos (gêmeos univitelinos) e psicóloga especialista em Políticas Sociais com formação em Escola da Família. Apaixonada pelos filhos, desenvolvimento infantil, pessoas, relacionamentos, disciplina positiva, inteligência emocional, autoconhecimento e resiliência.
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