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PERMITA QUE A CRIANÇA ERRE

  • Foto do escritor: Lu Andrade
    Lu Andrade
  • 14 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

O erro faz parte do aprendizado e permitir que a criança o cometa é o melhor que podemos fazer para que se desenvolvam bem.

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É comum que nós, adultos, estejamos sempre dando instruções, tentando ajudar e corrigindo as crianças. Nós presenteamos com um brinquedo e dizemos: é assim que usa. Se a criança não usa com ensinamos, a gente corrige: tá errado, é desse jeito aqui. É normal, também, que nós ajudemos a criança a terminar qualquer tarefa que a gente julgue que ela está demorando muito para terminar ou tendo certa dificuldade: assim é mais fácil, ó.

Eu entendo. Não é fácil ver nossos pequenos passando por dificuldades, queremos ajudá-los a superar os obstáculos. Em muitos casos, no entanto, existe uma visão de que crianças são seres de conhecimento e capacidade inferior que necessitam de um adulto para ensinar e guiá-los. Nós somos os detentores de todo o conhecimento e a criança um receptáculo vazio que preenchemos com a nossa magnânima inteligência.

Em ambos os casos, o resultado é o mesmo: acabamos suprimindo erros que fariam com que eles aprendessem mais, estamos perdendo a oportunidade de ensinar à criança algo valioso por subjugarmos sua inteligência. Quando interrompemos uma criança no meio de qualquer atividade pois julgamos que ela precisa de ajuda, quando falamos por eles, quando decidimos por eles ou solucionamos seus problemas, tiramos deles a oportunidade de errar e aprender. Estamos bloqueando o seu desenvolvimento, anulando sua autonomia e eliminando sua criatividade.

Maria Montessori defendia que a criança não depende do adulto para aprender, mas que ela tem, em si própria, a capacidade de aprender sozinha se recebe as condições necessárias para tal. Toda a prática pedagógica de Montessori tem como base um princípio que ela chama controle do erro. De maneira resumida, o controle do erro permite que a criança perceba que errou e se auto corrija, sem a necessidade de um adulto que aponte seu erro.

Montessori usa esse princípio para dar orientações sobre o ambiente para a criança e os materiais de trabalho, mas também podemos observá-lo fora de um ambiente Montessori. Por exemplo, a criança que empilha blocos de diferentes tamanhos a fim de construir uma torre não necessita que um adulto a diga que colocar as peças menores na base fará a torre cair porque a realidade se encarrega de ensinar isso. Ao ver sua torre cair, a criança achará outros meios de construí-la. Eventualmente, ela perceberá que colocando as peças maiores na base, terá uma maior chance de fazer a torre ficar em pé.

Além do aprendizado, deixar que a criança erre pode ajudá-la a construir uma boa auto-estima e desenvolver sua criatividade. Quando deixamos que eles façam as coisas por si, estamos mostrando que acreditamos e confiamos neles e quando confiamos na criança, a criança também confia em si. Existe um brilho encantador nos olhos de uma criança que finalmente consegue executar algo que dedicou tempo e concentração. Ela se sente capaz, orgulhosa de si mesma e acaba por compreender que quando ela insiste e cria diferentes maneiras de resolver o que quer, eventualmente obtém sucesso. Ao permitirmos o erro, estamos dando ferramentas para eles resolverem problemas e chegarem a soluções lógicas e quando não permitimos que a criança erre, estamos também excluindo a possibilidade do acerto.

Por isso, permita que a criança tente e que erre, se for necessário, sem julgamento. Incentive-a a tentar sozinha quando ela pedir ajuda. Permita que ela opine sobre os assuntos discutidos, mesmo que sua opinião não seja muito adequada e mesmo que seja na frente de outras pessoas. Quando a criança sente que pode falar livremente, ela se sente acolhida e encorajada para se posicionar e fazer escolhas quando estiver na escola e outros grupos sociais. Permita que a criança faça escolhas simples, de acordo com sua idade e discuta com ela sobre as consequências dessas escolhas.

É importante ressaltar, porém, que deixar a criança errar não quer dizer deixar que ela faça coisas erradas, existe uma diferença enorme. O cenário em que eles estão aprendendo e acabam errando é um totalmente diferente daquele em que eles cometem erros de propósito, como desrespeitar regras e pessoas, por exemplo. Assim como adultos, as crianças erram como parte do processo de aprendizagem, mas isso não é um aval para que elas façam coisas erradas.

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