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COMO CRIAR UM ESPAÇO DE BRINCAR PARA O BEBÊ DE 0-6 MESES

  • Foto do escritor: Lu Andrade
    Lu Andrade
  • 13 de set. de 2020
  • 8 min de leitura

Atualizado: 13 de set. de 2020

Dicas para criar um espaço de atividades para o bebê de 0-6 meses.

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Imagem: Midwest Montessori.



Desde que nascem, os bebês já adoram brincar. As brincadeiras contribuem para o desenvolvimento e para o crescimento saudável do bebê. Em um post anterior, nós demos dicas de 10 atividades para fazer com o bebê recém-nascido e, hoje, venho trazer dicas sobre como organizar um espaço de atividades para o bebê de 0-6 meses.


Essas dicas foram inspiradas na 'área de movimentação' utilizada no método Montessori. A ideia é permitir que a criança se movimente, se estique e aprenda a coordenar seu corpo. O movimento é um dos aspectos mais importantes do desenvolvimento nos primeiros anos de vida e, ao dar aos bebês liberdade de movimento, eles podem desenvolver a confiança para resolver problemas e se tornar independentes. Essa liberdade de movimento também é extremamente importante no desenvolvimento dos sentidos à medida que os bebês começam a explorar o ambiente.


Esse espaço de atividades também é útil para estimular a concentração do bebê, algo muito importante para o aprendizado em qualquer idade. Os elementos presentes no espaço de brincar têm o objetivo de captar a atenção e o foco do bebê e permitem que ele exercite essa concentração que será chave para o seu desenvolvimento.


"Quando as crianças nascem, são profundamente concentradas. É esse o brilho que vemos nos olhos do bebê que tenta segurar um bichinho de borracha bem à sua frente. Esse é o segredo da força da criança que cai e levanta dezenas de vezes por dia, sem desistir, quando está aprendendo a andar. A concentração é o milagre que gera força e vida na criança pequena."

- Gabriel Salomão (Lar Montessori)


Outro benefício da área de atividades é a autonomia que ela estimula na criança. A criança fica livre para se movimentar, olhar e pegar o que quiser e isso é o início de sua jornada como explorador e descobridor do mundo.


Porque ter um espaço de brincar:

Você pode se perguntar: mas por que eu preciso de um espaço específico para o meu bebê brincar? Não posso deixá-lo brincar no berço/cama/sofá, por exemplo? Sim, você pode, mas eu vou te explicar porque ter um espaço separado para o bebê brincar é melhor.


É importante separar a área de atividades da área de dormir (ou mesmo de outras áreas que o bebê usa) para que ele saiba diferenciar a hora de dormir/troca/banho da hora de brincar. Se o bebê brinca no berço/cama fica mais difícil de ele entender que chegou a hora de dormir quando você colocá-lo na cama para dormir e isso dificulta a consolidação de uma rotina, algo muito importante nos primeiros anos de vida.


Outro motivo pra se ter uma área de brincar é o espaço. O berço/cama/sofá são espaços limitados que restringem a movimentação da criança. Quanto mais espaço a criança tiver, mais ela se movimenta e mais liberdade tem para explorar.


Onde montar o espaço de brincar:

O espaço de brincar pode ser organizado em qualquer ambiente da casa, mas é importante pensar na praticidade dele no dia a dia. O ideal é organizá-lo onde a família passa a maior parte do tempo, afinal o bebê gosta de estar próximo e esse tempo será tempo em família. Nada impede, contudo, de fazê-lo no próprio quarto do bebê desde que seja em um espaço distinto do espaço de dormir como nas imagens abaixo.

Imagens: 1 - Montessori Method, 2 - Rebelle Kitchen.


Outro fator importante a considerar na escolha do local é que seja, preferencialmente, perto de alguma parede porque isso facilita a instalação de alguns elementos que fazem parte deste espaço. Isso é importante também por uma questão de circulação, afinal, você não quer passar por cima do seu bebê toda vez que precisar ir da sala para a cozinha.


Segurança:

Um fator essencial a se pensar para montar o espaço de brincar é a segurança. É desejável que os bebês sejam livres para explorar e, para que isso seja possível, temos que oferecer um ambiente seguro. Uma regra geral é que só fique nesse ambiente aquilo que o bebê pode pegar e manusear para que você não tenha que dizer não toda vez que ele tentar pegar algo que não deve.


Proteger tomadas é super importante também e usar móveis com quinas levemente arredondadas pode evitar acidentes mais sérios. Existem diversas outras recomendações de segurança, mas vou comentar sobre elas conforme for falando sobre cada elemento da área de brincar.


O que ter no espaço de brincar:


1. TAPETE / COLCHONETE:

Imagens: 1 - Monti Kids, 2 - The Kavanaugh Report, 3 - Gee You're Brave.



É um dos itens mais importantes do cantinho de brincar, ele permite que o bebê se movimente livremente, mas em segurança. A função do tapete/colchonete é evitar que o bebê fique em contato direto com o frio do piso, mas também promover um espaço confortável e aconchegante.


Nas primeiras semanas, é possível usar um colchão mais fofinho como o da segunda foto, mas conforme o bebê começar a mostrar sinais de que quer sentar, o ideal é trocar por um tapete ou mesmo um colchonete fino e firme (fotos 1 e 3), já que a superfície mais fofinha pode dificultar a mobilidade do bebê.


Não é necessário encher o tapete ou colchão com travesseiros ou almofadas, primeiro pelo risco de asfixia, mas também porque quando o bebê começa a rolar/engatinhar/andar, ele precisa de espaço livre para experimentar sua movimentação.



2. ESPELHO

Imagens: 1 e 2 - How we Montessori, 3 - Countryfleur.hu.



A principal função função do espelho neste espaço é permitir que o bebê veja a si mesmo e seus movimentos, motivando-o a se alongar e fortalecer os músculos do pescoço. O espelho também ajuda o bebê a se conhecer e entender que é uma pessoa distinta da mãe. Ele começa a se enxergar como indivíduo e isso auxilia no desenvolvimento da autonomia, mas também é interessante porque bebês são grandes apreciadores da face humana.


É muito comum que a gente veja espelhos fixados ao lado da cama do bebê em quartos ditos montessorianos pela internet, mas a verdade é que o espaço ideal para o espelho é a área de atividades. No espaço de dormir, é desejável que apenas esteja aquilo que contribui para que o bebê adormeça e não o que vai gerar estimulação e deixá-lo mais acordado.


Neste início, o espelho pode ser posicionado bem baixo e no sentido horizontal ao lado do tapete/colchonete já que, até 6 meses aproximadamente, o bebê vai olhá-lo de uma posição predominantemente horizontal. O ideal é usar um espelho de acrílico por questões de segurança, especialmente porque quando crescem um pouquinho, eles começam a bater objetos no espelho.


É muito importante certificar-se de que o espelho esteja bem fixado à parede ou a alguma outra estrutura que se use (como o da imagem 1 e 2). Contudo, como a ideia é que esse espaço acompanhe o crescimento do bebê, é interessante que a fixação do espelho seja feita de modo que possa ser modificada mais tarde, pra subir a altura conforme o bebê cresça. Evite fitas dupla face e cola de espelho porque vão dificultar esse processo de adaptação.


3. MÓBILE

Imagens: 1 - The Kavanaugh Report, 2 e 3 - MontiKids.

Assim como o espelho, o móbile é um objeto de estimulação visual (e às vezes sonora) e o ideal é que seja usado em um momento em que o bebê esteja desperto. Por isso, ao contrário do que vemos normalmente, o melhor lugar pra se ter um móbile não é acima do berço/cama (onde o bebê vai dormir e precisa do mínimo de estímulos possível), mas sim em uma área de atividades. A função do móbile é fornecer um ponto de foco destacado para induzir o bebê a fixar o seu olhar, estimulando o desenvolvimento do foco visual e da concentração.


Nas primeiras semanas de vida (0-4 semanas aproximadamente), o bebê é funcionalmente cego e só consegue identificar tons com alto contraste entre si e contornos bem pronunciados. Nessa fase, a melhor opção são móbiles como o móbile Munari (da segunda imagem) que segue todas as especificações para estimular bebês nesta idade e outros modelos em preto e branco. Conforme o bebê for crescendo, existem outros modelos de móbiles como o móbile Octaedro (5-7 semanas - o da terceira imagem), móbile Gobbi (8-10 semanas) e o móbile dançarinos (10-12 semanas). Esses períodos não são fixos e nós podemos observar os sinais do bebê e ir adaptando conforme sentirmos que eles estão preparados.


Esses móbiles são tão simples que dá pra fazê-los em casa mesmo. Eu já ensinei como fazer um móbile geométrico de alto contraste neste link aqui.


4. PRATELEIRAS ACESSÍVEIS:

Imagens: 1 - The Kavanaugh Report, 2 e 3 - Living Montessori Now.



Mesmo que o bebê ainda não consiga se locomover, livros e brinquedos podem estar em prateleiras adequadas à sua altura. Primeiro porque acessibilidade visual é muito importante para estimular no bebê a vontade de se mover e então, com o tempo, isso será um empurrãozinho para que ele se arraste para pegá-los. Depois porque ele deve ter autonomia para escolher aquilo que quer olhar ou brincar sem a necessidade de alguém para ajudá-lo.


Outro fator muito importante é a organização. Bebês têm um senso de ordem muito forte e por isso, é essencial que exista um lugar para cada objeto e que todos estejam visíveis para ele. Isso ajudará no futuro quando ele começar a contribuir na organização da casa.


O que ter nas prateleiras:


1. LIVROS E IMAGENS

Imagens: 1 - Christina Chitwood, 2 - Manine Montessori, 3 - How we Montessori.



Item essencial no espaço de atividades em qualquer idade. Se for um bebê recém-nascido, uma boa opção são os livros e cartões de alto contraste. Conforme for crescendo, dá pra aumentar o nível de complexidade dos materiais com cores e formas mais elaboradas. Existe uma infinidade de fichas/cards para ensinar palavras ao bebê (animais, cores, formas, partes do corpo) e você também pode achar essa imagens grátis na internet e imprimir.


As imagens podem ser emolduradas e expostas como quadros ou apenas coladas na parede com uma fita adesiva. Escolha umas 2 ou 3 e fixe-as na parede de maneira que o bebê consiga visualizá-las. Dá pra ter várias e fazer um rodízio das imagens conforme o bebê for perdendo o interesse.


Já os livros podem ser expostos em uma prateleira dessas estreitinhas para livros fixada na altura da criança ou em uma prateleira baixinha (mais detalhes sobre isso no final do texto). Sobre modelos, existem tantos que fica até difícil indicar algum, mas esses de tecido que têm texturas e fazem barulho quando o bebê aperta ou balança são ótimos para essa idade. Sobre livros "normais", opte por aqueles de páginas grossas e durinhas se você não quiser que o primeiro alimento sólido do seu bebê seja papel. Aqui os livros viravam mordedores e, mesmo os mais durinhos, ela dava um jeito de arrancar pedaços com o dente.



2. BRINQUEDOS QUE FAZEM BARULHO

Imagens: 1 - Natural Beach Living, 2 - Monti Kids.



Não me refiro aqui àqueles brinquedos cheio de luzes e barulhos eletrônicos que deixam o bebê super estimulado, mas àqueles que respondem à interação do bebê como chocalhos, anéis de madeira entrelaçados, tecidos que fazem barulho quando amassados.


O excesso de estimulação pode piorar o sono e até o apetite do bebê, causa irritação e também pode acarretar problemas no futuro como obesidade, transtorno obsessivo compulsivo, dificuldade de aceitar limites, entre outros. Por isso, eu sempre indico esse tipo de brinquedo que citei anteriormente já que eles oferecem uma estimulação na medida certa, sem excessos.


É muito importante que esses brinquedos sejam adequados à idade. Para armazená-los, dá pra usar uma cestinha de tecido ou palha (se puder, sempre opte por materiais naturais que oferecem uma experiência sensorial mais rica) que pode ser colocada no chão mesmo ou na prateleira.


3. OBJETOS DE DIFERENTES MATERIAIS E TEXTURAS:

Imagens: 1 - Etsy, 2 - Manine Montessori, 3 - The Kavanaugh Report.



Como eu já citei anteriormente, as experiências sensoriais são muito importantes para o bebê, especialmente nos primeiros meses de vida porque é a partir delas que o bebê faz suas primeiras descobertas do mundo. Materiais como madeira, lã, algodão, metal permitem que a criança explore diferentes sensações de textura e temperatura.


Sobre esses objetos, algo muito importante para o primeiro ano do bebê são os mordedores. Hoje em dia existem infinitos modelos, inclusive de materiais naturais como madeira e tecido (imagem 1).

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AUTORA: Lu Andrade é mãe de uma menina, arquiteta e designer gráfico, mestre na área de estudos da percepção e análise ambiental, empreendedora, apaixonada pelo universo da maternidade, artes, mão na massa, design infantil, Montessori e ciência.

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